domingo, 29 de março de 2009

REFLETINDO SOBRE A “PRESBIOCRACIA BATISTA"

Concordo plenamente com o autor do artigo "Presbiocracia Batista", Pr. João Pedro, quando afirma: o modelo e a natureza gerencial batista causa suas próprias mazelas.”
Quero apenas abranger um pouco mais a discussão porque, a meu ver, as dificuldades institucionais de nossa CBB não é somente o fato que pastores estão nas diversas funções nas instituições, apesar disso ser um dos pontos que precisam ser revistos.
Quais são os principais pontos que nos torna como denominação tão frágil no di-a-dia diante dos gigantes que temos que enfrentar?

Quero mencionar cinco delas, na minha visão:

1 - Acredito que a maneira como fomos nos estruturando denominacionalmente, baseados em modelos de administração, nos colocou dentro de teorias ultrapassadas de gerenciamento, uma vez que as propostas e a executabilidade das mesmas foram feitas por pessoas que não estavam devidamente plugadas na área da administração contemporânea. Eram cooperadores, mas não especialistas.

Não gosto de pensar que isso aconteceu porque os gerentes eram pastores, mas sim porque eles não tinham o preparo adequado. Não haveria problema algum se fossem pastores devidamente preparados. Acho inclusive que se houver pastores qualificados, isso facilita em muito a administração, uma vez que o sentido de autoridade presente estaria perfeitamente lincada à sociedade latina caldilhica, da qual fazemos parte (há coisas que podemos mudar e outras que podemos, digamos, melhorar). Temos também vários exemplos de leigos que ocuparam funções denominacionais e que foram verdadeiros fracassos e outros que foram sucesso. Qual foi o fator decisivo? A competência.

2 – Sobre o preparo de liderança para as instituições, recursos humanos, creio que aqui está a principal falha. Administrar engloba três esferas: a arte, a ciência e a construção. Nesse triângulo, cada aspecto do administrador fica evidenciado. No primeiro caso, os insights e a imaginação. No segundo, há foco na análise e na comprovação sistemática. A construção, por fim, diz respeito à experiência e ao aprendizado prático. Acredito que a todo executivo, uma vez nomeado, deveria ser concedido uma bolsa de estudo para seu aperfeiçoamento a fim de que possa ser eficiente e eficaz nessas três esferas de ação. Por exemplo: um curso de pós-graduação em recursos humanos ou em administração. Não tenho conhecimento de que haja para os nossos administradores um plano de aperfeiçoamento contínuo.

3 - As organizações devem funcionar como um todo orgânico e não como partes independentes. A CBB, com freqüência, adotou através dos tempos sistemas de gerenciamento no qual as áreas têm dificuldade em partilhar informações e trabalharem juntas. Quando o problema se apresenta, as partes não são capazes de se organizarem para a busca de uma solução porque através dos anos não se sentiram responsáveis pelas mesmas. O que se fez ultimamente? Percebendo essa falha se criou uma estrutura, e aqui novamente volto ao ponto um desse artigo, ultrapassada, porque uma função exerce a ponte como uma espécie de “gestor” para que se consiga uma união das partes do universo denominacional. Tem-se chegado à conclusão de que este modelo não é o melhor modelo de administração, talvez seja uma fase necessária, mas deve-se ter, ao meu ver, uma busca por modelos mais adequados aos desafios contemporâneos de administração.

4 – Nós não temos, que eu saiba, um database denominacional que contemple fornecedores, líderes leigos e pastores em potencial, líderes não profissionais ou profissionais com experiência nas diversas áreas, clientes e etc. Isso faz com que não se tenha continuamente um "diálogo" verdadeiro, ao longo dos tempos, com pessoas que podem suprir a denominação de várias formas. Isso possibilitaria identificar, quando necessário, pessoas capazes e viabilizar novos caminhos que conduzam à experiências de êxito comprovado.

5 – Outro aspecto é o preconceito com líderes que não entram numa forma pré-estabelecida por alguns da denominação, ainda que realizem um trabalho de excelência em seus ministérios e tendo capacidade comprovada para exercer funções que a denominação necessita. Precisa ser muitas vezes alguém que ‘reze na mesma cartilha’ quando a necessidade é de mudanças. Alguém que venha com novos horizontes e que tenha coragem de empreender mudanças no status quo. Que fique claro que não estou pensando em líderes que sejam rebeldes denominacionalmente e nem que não sejam batistas no melhor termo da palavra. Amor à denominação não significa se concordar com tudo o que se tem na denominação, mas ser fiel a ela mesmo nas diferenças.

À bem da verdade, não se pode dizer que se mudássemos a denominação de presbiocracia para qualquer outro modelo teríamos uma denominação ajustada ao mercado evangélico, especialmente os batistas quanto à qualidade de sua administração. O que podemos dizer é que, seja com pastores ou sem pastores, uma estrutura contemporânea de administração, um preparo qualificado e uma estrutura organizacional mais coesa seria um caminho para a saniedade de nossa Convenção, atingindo assim nossas igrejas, que afinal de contas, são a razão para todas essas mudanças.

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