quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

TEMPOS DE RENOVAÇÃO - Ensaio sobre Novos Rumos para uma Eclesiologia das Igrejas Batistas da CBB - Parte IV


IV - Um roteiro Para Renovação DA ECLESIOLOGIA BATISTA BRASILEIRA

Ora, tudo o que foi exposto no capítulo anterior ensina deve levar a pensar em um conceito eclesiológico dinâmico pode ser repetida em qualquer tempo e lugar e o conceito de Igreja Peregrina crê-se que atende a este reclame.

O paradigma deve ser a flexibilidade de adaptação cultural, isto é, enquanto a Igreja caminha na história e na geografia, ela vai abraçando e trabalhando novas culturas para melhor cumprir sua missão. Por isso, não se deve debruçar sobre o Novo Testamento apenas para buscar as primeiras formas da Igreja nascente e copiá-las hoje. Embora tenham sido maravilhosas para o seu tempo, não são moldes para todos os tempos e culturas. A pesquisa eclesiológica deve concentrar-se na analise mais ampla dos princípios que nortearam a missão da igreja e que estão pressupostos nas descrições do Novo Testamento.

Uma eclesiologia relevante para hoje não pode ser construída com os olhos fixos no retrovisor. É preciso olhar para frente também. A demasiada preocupação com o passado tem impedido a igreja formal de perceber as mudanças que estão acontecendo ao seu redor e adequações que se fazem necessárias ao novo hábitat. As glórias do passado não garantem sucesso hoje.

O passado glorioso tem ofuscado a percepção do novo tempo e das adaptações que se impõem. Embora seja mais fácil fazer como sempre foi feito, não é porque algo deu certo outro dia que vai dar certo hoje. A igreja local precisa abri-se para o futuro.

Diante da constatação apresentada nesse ensaio e da proposta de se ser e fazer uma Igreja peregrina colocando suas digitais para credenciar a renovação da eclesiologia batista no Brasil como caminhos norteadores propostos têm-se:

1.            No lugar de implantar estruturas que pretendem ser universais e intemporais, e que são, por isso mesmo, inadequadas ao contexto de cada ministério local, e assim é que o programa e atividades da igreja mais se parece com um esforço para justificar a estrutura, para dar-lhe um sopro de vida, para faze-la funcionar, deve-se ter uma estrutura eclesiástica onde se forma em função das metas e programas de ação da igreja local, que refletem, por suas vez, as características do contexto social em que ela serve, e visam atender as suas necessidades especificas. A estrutura deve ser um mero instrumento para a efetivação do programa eclesial;

2.            Numa igreja peregrina adequadamente organizada os leigos têm relevância. Não apenas como auxiliares dos ministérios, mas eles próprios feitos ministros de Deus. “Fazer dos leigos meros assistentes dos pastores seria acentuar o clericalismo de nossas igrejas, e não atenuá-lo”.1 O envolvimento dos leigos, mesmo quando estes não estão integrados nas organizações tradicionais da igreja, sugere a adaptação dos métodos de administração por projetos ao âmbito da igreja. Projetos que, por não estarem vinculados a nenhuma organização em particular, poderão aglutinar e utilizar elementos de todos os grupos etários ou áreas de atividade. Essa visão torna implícita a necessidade de treinamento específico para tais leigos, de preferência em cursos, institutos ou seminários intensivos, de caráter prático. Só através dos leigos a igreja pode estar presente onde às coisas acontecem.

2.            A estrutura ideal deve prever a descentralização executiva, através do estímulo à formação de pequenos grupos de testemunho e ação. Esta era uma característica do cristianismo do primeiro século, que tem inspirado vários movimentos sócias no mundo inteiro. Tais grupos informais, muito frequentemente de geração espontânea, podem atuar em qualquer circunstancia onde o crente se encontre. Os lares, entretanto, seriam o seu habitat mais comum e natural. A família, que é a célula da sociedade deveria sê-lo também da igreja.

3.            Estas duas preocupações sugeridas: o envolvimento dois leigos e o estímulo à formação de pequenos grupos de testemunho, trazem à constatação do imperativo de uma liderança qualificada. Mais ainda: “a complexidade, a diversidade e o tamanho das igrejas urbanas impõem tremendas limitações à atuação direta e pessoal do líder na comunidade[2]. Ou ele se torna líder de um povo que atua e testifica, ou o seu ministério será de uma criminosa inexpressividade. Mais do que um líder que faz, outros a fazerem, para que o seu ministério seja multiplicadores pelo número de cooperadores que ministra.

4.            Uma eclesiologia  que priori-se lares. Desde que evangelho é evangelho  os crentes se reuniam em uma, em várias, em centenas ou milhares de casas, segundo seu crescimento numérico. Quando uma igreja se reúne em pequenos grupos algumas estão presentes:

- Torna mais fácil a evangelização. Qualquer família já fundamentada em sua vida cristã pode abrir sua casa e convidar vizinhos, parentes e amigos para compartilhar com eles sua experiência com Deus, dar algum ensino bíblico simples apropriado para os presentes e orar pelas necessidades de cada um.

- Abre muitos pontos de trabalho para colocar em prática o ministério sacerdotal de todos os crentes, sem necessidade de grande preparação acadêmica.

- Torna mais evidente a necessidade de que os ministérios dirigentes da igreja capacitem os santos para o ministério.

- Um fator fundamental na formação ministerial dos discípulos é que estão envolvidos na obra prática. O discipulado nos lares lhes possibilita esta oportunidade.

- Permite a extensão da obra nos diferentes setores da cidade devido à localização das casas dos irmãos.

- O espaço reduzido de uma casa de família faz com que o grupo que ali se reúne não ultrapasse as quinze, vinte ou trinta pessoas, número apropriado para se conhecerem, amares e servirem uns aos outros. Isto permite que em um mundo tão desumanizado, egoísta e indiferente, cada um seja integrado através do afeto e companheirismo que encontra na comunhão fraternal.

- Oferece um marco apropriado para o discipulado pessoal, o doutrinamento, a instrução, o conselho e a correção fraternal, todos os elementos essenciais para a formação dos novos convertidos.

- Dá ao discípulo, desde o inicio de sua vida cristã, a oportunidade de envolver-se na obra evangelizadora e diaconal.

- O conhecimento pessoal permite descobrir dons e vocações nos irmãos e ajudá-los a crescer neles.

Além disso, força, no bom sentido da palavra, os líderes a:

- Tenham um programa de ensino do discipulado.

- Dediquem-se à capacitação dos que irão liderar os grupos

- Mantenham uma relação intima com os discipuladores.

- Supervisionem os grupos das casas e exerçam autoridade pastoral sobre eles.

- Darem importância e espaço no programa semanal ao funcionamento da igreja nos lares.       

5.            A racionalização administrativa deveria ser outra característica da estrutura eclesiástica de uma Igreja Peregrina. Geralmente os líderes são  empíricos ao administrar suas igrejas. Mas aí está algo em que o mundo pode ajudar. Uma igreja deveria ser administrada como uma empresa. Em que sentido? No sentido de sua competência administrativa; ela possui uma organização, metas a alcançar, um orçamento pessoal assalariado, patrimônio, responsabilidades legais, etc. Se lhe falta à eficiência empresarial ela não vai adiante e fica obsoleta. Suas estruturas deveriam tornar-ser mais simples e menos onerosas. Menor número de organizações, de cargos, de reuniões.

6.            Um capítulo que está exigindo exame é o que trata da delegação de autoridade normalmente encerrada nas mãos de uns poucos líderes, nomeadamente do líder principal. Uma perfeita definição de atribuições possibilitará a ampliação da autonomia de ação dos ministérios, com um conseqüente aperfeiçoamento do processo democrático e capacitação de novos líderes. Pode-se dizer que o líder o que se diz em administração, do executivo moderno: o melhor dirigente é o que menos coisas tem para fazer, ou ainda: o bom líder não faz o que outrem pode fazer em seu lugar. Ele delega, reservando-se para as tarefas indelegáveis. A estrutura deveria ser dinamizada por afirmar-se a transitoriedade de todos os seus aspectos circunstanciais. Por mais excelente que nos pareça hoje, haverá sempre a possibilidade de aperfeiçoá-la amanha.

7.            O que deve estar em debate na igreja peregrina quanto sua eclesiologia não é os obstáculos bíblicos – o que é ser igreja – mas os relativos: como ser. É impreterível uma remodelação das estruturas da igreja organizada para que os membros das comunidades locais não sejam submetidos a viver entre as paredes eclesiásticas, numa realidade distante do mundo, sofrendo uma espécie de esquizofrenia histórica.

 8 .      A relevância da igreja local exige um olho nas escrituras, para não perder os obstáculos bíblicos. O outro deverá considerar seriamente as novas condições sociológicas. Orai e vigiai! A dinâmica do mundo moderno pede uma igreja mais flexível, descentralizada do templo, do clero, do culto, do púlpito, e de domingo. As comunidades em cidades grandes não devem exigir que os agregados centralizem a vida religiosa em algum edifício, como se a experiência com Deus e a vida cristã se resumissem aquele espaço. E seria possível pensar em “igrejas” nas indústrias e escritórios, fora do domingo e do templo, articulando cristãos de diversas denominações. É isso que a Mocidade Para Cristo e a Aliança Bíblica Universitária têm feito nas escolas e faculdades do país.

9.      A igreja em sua eclesiologia deve proporcionar um ambiente em que os cristãos possam-se relacionar uns com os outros num contexto não constitucionalizado. Deve oferecer através dos cultos e  outros espaços instrumentos para que os cristãos possam ser ajudados no relacionar-se entre si.Infelizmente, muitas igrejas locais tornaram-se tão institucionalizadas quanto às estruturas americanas. As pessoas cansadas de uma sociedade impessoal freqüentemente encontraram uma atmosfera impessoal também na igreja. As pessoas cansadas de ser “engrenagens” numa máquina secular descobrem que se tornaram “engrenagens” numa máquina religiosa.

A “igreja congregada” deve perceber que pode tornar-se um refúgio para as pessoas solitárias e frustradas. Ao proporcionar um ambiente que é uma comunidade dinâmica e amorosa, ela pode contrapor-se ao ambiente artificial em que as pessoas vivem. Francis Schaeffer comenta vividamente esse ponto:

Nossas organizações cristãs devem ser comunidades nas quais outros vejam o que Deus tem revelado no ensinamento de sua Palavra. Dever-se-ia considerar que é relevante aquilo que aconteceu na morte e na reconciliação de Cristo na cruz, bem longe no tempo, no espaço e na historia; que é possível ver algo bonito e diferente nesse mundo, em nossa comunicação, em nossas comunidades, em nossa própria geração [...].[3]

A comunidade cristã e seu desempenho devem transpor todas as barreiras.

As igrejas da CBB têm sido principalmente locais de pregação e agentes promotores de atividades. A comunidade tem desempenhado um papel pequeno. Na igreja do Novo Testamento, essa comunidade experiente não era somente um estandarte, mas penetrou profundamente até as necessidades materiais de seus membros.

A Eclesiologia deve proporcionar caminhos de comunhão para que os membros da igreja tratem uns aos outros como seres humanos. Toda comunidade cristã, em todo lugar, deve ser uma fábrica experimental para mostrar que se pode ter afinidades horizontais com o homem e que isso pode resultar em uma comunidade que se interessa não somente pelo homem, mas pelo indivíduo; não somente pelos “direitos humanos” com maiúscula, mas pelo homem todo, em todas as suas necessidades.

A menos que o povo veja em nas igrejas não somente a pregação da verdade, mas a pratica da verdade, do amor, do que é belo; a menos que veja quilo que os humanistas certamente querem, mas não podem alcançar humanisticamente – a comunicação e a afinidade humana – pode ser praticado em nossas comunidades, deixe-me dizer claramente: eles na ouvirão e não devem ouvir.

10.       A igreja deve também apresentar seu resultado de uma eclesiologia sadia proporcionando estabilidade e segurança para as pessoas. Algo que, cada dia mais, a cultura está deixando de fazer. Numa época de mudanças sem precedentes, os cristãos podem dar às pessoas algo verdadeiro e confiável, em que possam crer.

Os Estados Unidos – como nação – abandonaram seus absolutos. È como um navio no mar, surpreendidos numa tempestade, sem âncora nem bússola, com rochedos perigosos nas proximidades.

Não é o que acontece às igrejas fieis á Bíblia. Algumas podem ter perdido o foco. Algumas podem ter-se tornado institucionalizadas. Outras talvez não estejam cumprindo o objetivo básico de sua existência. Mas não se pode larga a âncora nem a bússola. Há de se ter um fundamento ao qual se pode retornar. Um conjunto de textos que podem dar diretrizes e uma filosofia de vida que permite as pessoas olharem com realismo e certeza para o futuro. E claro que não se pode dizer isso da igreja liberal, a igreja que, tal qual os Estados Unidos, abandonou seus absolutos. Seja a igreja que voltou a usar as “palavras da Bíblia”, seja a do velho liberalismo, que abandonou até mesmo a terminologia bíblica, ambas deixaram seu fundamento de autoridade e não possuem algo sólido para oferecer.

Assim, a igreja Batista da CBB deve reconhecer, com uma visão renovada, que possuí respostas confiáveis para as necessidades mais profundas de nossa sociedade. Deve perceber que o pluralismo e as muitas vozes incertas da sociedade atual oferece oportunidades de evangelização sem precedentes e sem paralelo. Em todos os lugares, os homens estão confusos, mas têm a capacidade de fazer distinção entre a verdade e o erro. O Espírito Santo ainda está agindo no mundo, iluminando o coração dos homens e honrando a palavra de Deus.

11.      A igreja Batista da CBB deve ajudar os cristãos  à “viver no mundo” sem “fazer parte do mundo ”. Consciente ou inconscientemente, os cristãos não devem adotar os aspectos do sistema de valores que são contrários ao sistema cristão.

Deus ainda não falou para a igreja “sair do mundo” (1 Co 5.9-11). Ele nunca desejou que os cristãos se retirassem da sociedade e vivessem numa comunidade cristã. Pois de que outra maneira se cumpriria a ordem dada por Cristo de alcançar todas as nações com as boas novas, que não seja “no mundo”? Esse é um dos motivos por que a igreja está aqui na terra. Como é lamentável quando cristãos confundem “separação” com “isolamento”. Não se deve tornar-se parte do mundo – vivendo como o mundo – mas também não se deve isolar-se do mundo. Outros precisam (aliás, devem) ver na igreja de Cristro o que significa ser discípulos de Jesus Cristo.

Os líderes da igreja também devem ajudar os cristãos que vivem em meio a nossa cultura  importada a compreender os sistemas de valores que estão em conflito. No passado, quando a maioria dos americanos mantinha um sistema de valores cultural compatível com os valores bíblicos, quase não havia conflito. Os homens eram honestos nos negócios. Na escola, poucos alunos fraudavam as provas. Os costumes morais e sexuais eram basicamente cristãos.   Em termos genéricos, cristãos e não-cristãos podiam confiar uns nos outros e relacionar-se de modo harmonioso, pelo menos no nível social.

Mas hoje não é assim. E o problema na é apenas o de ser incapaz de confiar no outro. Em alguns casos é um problema de conseguir sobreviver financeira, acadêmica ou socialmente. Hoje em dia existem alguns negociantes cristãos que enfrentam a competição de indivíduos espertos e desonestos que somem com todos os lucros, contando mentiras descaradas. Em faculdades e universidades, alguns estudantes conseguem notas altas fraudando provas e plagiando trabalhos, deixando a pessoa honesta em grande desvantagem. E alguns jovens são desprezados ou isolados socialmente por não participarem de praticas e atividades contrarias à Bíblia.

Esses sistemas conflitantes de valores estão fazendo separação entre cristãos compromissados e não-compromissados. No passado, quando os sistemas de valores eram quase idênticos, a coexistência não era muito difícil para os cristãos. Mas hoje a historia é outra. Em alguns casos, existe um “grande abismo” entre alguém que é “cristão” e alguém que é apenas um “americano”. De novo, temos uma benção disfarçada. Costumava ser difícil explicar para as pessoas por que “ter nascido nos Estados Unidos” não era o mesmo que “ser cristão”. Hoje em dia, no entanto, isso não é um problema. A maioria das pessoas enxerga a diferença muito bem. E também nos oferece oportunidades ilimitadas de evangelização.

12 -        A igreja em sua eclesiologia deve reconhecer e compreender os efeitos culturais da revolução na comunicação, adaptando-se a eles.

John Culkin, um estudioso de Mcluhan, assinala que

“cada cultura desenvolve o equilíbrio dos próprios sentidos em reação às demandas de seu ambiente. A formulação mais genérica da teoria afirma que os modos de uma pessoa aprender e perceber as coisas são influenciados pela cultura em que ela vive, pela língua que fala e pelos meios de comunicação com que está em contato. Cada cultura, por assim dizer, fornece a seus componentes um par de viseiras feitas sob medida”.[4]

A questão importante que deve ser incorporada pela eclesiologia Batista da CBB de hoje é como a atual explosão na comunicação está modificando a cognição e a percepção tantos dos cristãos quanto dos não-cristãos.

A questão importante é, de novo, que a igreja não deve (e não pode) desprezar as implicações culturais que emergem da nossa atual revolução na comunicação. Como Paulo no passado enfrentou o desafio de uma nova mentalidade deve-se adaptar nossas técnicas de comunicação para alcançar as pessoas onde elas estão. Não podemos descartar o aparato perceptivo delas, passando a comunicar usando métodos que nos atraíram no passado, mas que já não atraem a nova geração. Quer se esteja ministrando a crianças, a jovens ou a adultos, há a necessidade de adaptar e mudar para comunicar com eficácia. A mensagem é, claro que, permanece intacta; os métodos é que devem ser atuais.

Isso é claro, levanta outro problema! Na igreja tem-se tanto a antiga geração quanto a nova. De um lado, a geração mais antiga (não necessariamente na idade) sente-se ameaçada, insegura e pouco à vontade com as novas formas de comunicação, e, de outro, a nova geração é “repelida” pela “velha”.

Esse é um motivo a mais para os membros do corpo de Cristo entenderem a cultura e o modo como ela nos afeta a todos. Compreender pelo menos ajuda a criar tolerância, aceitação e amor uns pelos outros. Ajuda a própria igreja a viver em harmonia e em unidade – um ingrediente tão fundamental ao crescimento cristão quando o testemunho.

O próprio corpo de Cristo em ação é uma resposta significativa à revolução na comunicação. Ele sempre foi uma “forma” de comunicar uma mensagem profunda. Em sentido rela, a máxima de McLuhan, “o meio é a mensagem”[5],  aplica-se ao que Deus quis que o corpo de Cristo fosse. É um corpo de pessoas que, ao sair, criam uma atmosfera e um ambiente que comunica a mensagem cristã. Para os outros cristãos, a mensagem é de amor e de realidade. Para os não-salvos, o corpo unido diz que aqui há seguidores de Jesus Cristo, o Deus-Homem.

A igreja pode, então, tornar-se o meio que pode oferecer aquilo que a cultura não consegue: um ambiente que irradia aceitação, segurança e estabilidade – e em nível pessoal. Esse é o desafio que se apresenta às igrejas Batistas no Brasil do século XXI.

13 -         A igreja deve compreender os efeitos da cultura no estilo de vida, especialmente na juventude, e aprender a distinguir entre o que é uma violação dos princípios bíblicos e o que é uma violação das normas culturais que viemos a aceitar como absolutas.

Uma das conseqüências mais trágicas da transformação cultural é que alguns cristãos não conseguem tolerar emocionalmente uma mudança de estilo de vida porque vieram a equiparar certos aspectos externos com os absolutos bíblicos.  Alguns identificam essas duas coisas como um reflexo de comportamento não-espiritual ou pecaminoso – esquecendo que alguns de nossos grandes líderes cristãos do início do século tinham uma aparência bem semelhante.

É fácil ver como surgiu essa falsa conclusão. Aqueles que apresentaram primeiro esse “novo” estilo de vida eram jovens radicais, que também foram bem longe na apresentação de características de estilo de vida decididamente não-cristãs. Mas muitos cristãos, como com tanta freqüência acontece conosco, não conseguem fazer distinção entre as características que violavam os valores cristãos e aqueles que não violavam. Calmos na armadilha sutil de desenvolver idéias caricatas e fazer generalizações com base em conclusões falsas.

Ainda mais trágico é o cristão que deixa seu preconceito contra os cristãos também se estenda aos não-cristãos. Quando os cristãos não toleram nas dependências da igreja jovens não-cristãos cujo estilo de vida não se enquadra em certas normas aceitas pela classe média, culpados daquilo que Tiago chama especialmente pecado (Tg 2.9). Embora, em sua epístola, estivesse falando acerca de preconceito em relação aos pobres,  o princípio é bem claro. O simples fato de uma pessoa “parecer” diferente, não significa que seja imoral, efeminada ou, como alguns quase insinuam, subumana. Mas mesmo que essa pessoa fosse tudo isso, ainda assim é uma pessoa por quem Cristo morreu. È um ser humano e precisa de amor e compreensão.

Pode-se observar entre os cristãos, é claro, o mesmo problema em relação aos negros e outros grupos minoritários. Muitas vezes procuramos fazer racionalizações com base na Bíblia, para defender nosso pensamento preconceituoso e, à semelhança da maioria das seitas pseudocristãs, podemos fazer a Bíblia comprovar qualquer coisa. Basta tirá-la do contexto para sustentar nossos preconceitos subjetivos.

É realmente lamentável quando os cristãos , que deveriam ser o “sal da terra” e a “luz do mundo”, estamos tão doutrinados por um sistema de valores não-cristãos que já não conseguem sentir compaixão por aqueles que estão na mais profunda necessidade espiritual. Uma eclesiologia sadia deve estar atenda e ser resposta para essa área.

Assim estaremos mais perto de uma eclesiologia do Reino, ou seja, de uma Igreja que por ser peregrina sabe sobre o reino de Deus. Nas palavras de Shaull:[6]

Nossos programas de educação cristã, bem como nossos esforços no ensino, continuarão em crise até que descubramos como pode a comunidade cristã chegar a ser uma realidade em meio aos compromissos do homem moderno no mundo, e tomar ali novas formas que comuniquem os benefícios de Cristo a esse homem e nesse lugar...Se a igreja insistir em funcionar do mesmo modo que antes, breve chegará a hora em que sua presença não ter nenhum efeito....A presença do cristianismo dependerá da total e constante participação dos leigos nas diversas fronteiras da luta humana.[7]

A igreja local precisa desenvolver um programa de regate e integração cultural, em vez de adotar posturas separatistas. É imperativo aproveitar os elementos positivos e neutros da cultura brasileira para comunicar os valores do reino de Deus e redimir as posturas culturais destrutivas.

14 -         Por último a igreja deve fazer em sua eclesiologia tudo  o que puder para fortalecer o lar e se opor aos devastadores ataques cultuais contra o fundamento de todas as instituições. A vida familiar é a que mais tem sofrido com a crise americana. O número de divórcios está aumentando, enquanto, muitas vezes, os filhos dessas uniões rompidas são vitimas do egoísmo e da insensibilidade cada vez maior dos adultos, deixando as crianças em estado de desilusão e de insegurança.

O colapso e o abandono da maneira tradicional de encarar a vida familiar encontra correspondência numa variedade de experiências matrimoniais, tais como casamentos coletivos, casamentos experimentais e “viver juntos”  sem nenhum compromisso legal ou moral.

O lar cristão também está sendo afetado. O número de divórcios está aumentando num ritmo alarmante entre as famílias cristas. Mas, dividindo de inúmeras maneiras. As imposições profissionais têm, com freqüência, deixado a família “sem pai”, e as pressões financeiras ou sociais têm “obrigado” as mães a trabalhar fora.

A igreja também tem culpa. Imitando inconscientemente uma sociedade institucionalizada, temos desenvolvido formas e estruturas que praticamente mantêm divididas as famílias.

A maior contribuição que a igreja pode fazer para a nossa sociedade decadente é ajudar a edificar o lar. Famílias fortes edificam igrejas fortes e, mais que qualquer outro fator, lares fortes e igrejas fortes podem, juntos, estabilizar e revitalizar nossa cultura.

 

[1] New tasks demand new structures, in The life and mission of the church. Dederation News, W.S.C.F, n5, 1957.

[2] LESSA, Hélio S. A igreja e a cidade. In administração eclesiástica. Rio, 1 Trim. 1974, pg. 27.

[3] SCHAEFFER, Francis A . Manifesto Cristão. Brasília: Refúgio, 1985. 127p p.110..

[4] MCLUJ-iAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1988.

[5] Ibem. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 1988.

[6] Nascido nos Estados Unidos, Shaull teve um papel importante na renovação do cristianismo latino-americano e prestou um apoio valioso às lutas populares no continente. É considerado um precursor da teologia da libertação, havendo quem divida a história da teologia protestante na América Latina em duas fases: antes e depois de Shaull. No Brasil, cumpriu um papel de estímulo e orientação nos meios evangélicos, principalmente junto a pastores recém-formados e a jovens estudantes, semelhante ao desempenhado pelo padre Henrique Vaz na juventude e na intelectualidade católicas. Ambos influíram nas idéias e nas escolhas dos militantes cristãos que fundaram e desenvolveram, ao lado de não-cristãos, a organização de esquerda Ação Popular.

[7] Richard Shaull. Surpreendido pela graça - Memórias de um teólogo. Trad. Waldo César. Rio de Janeiro: Record, 2003. 320p

TEMPOS DE RENOVAÇÃO - Ensaio sobre Novos Rumos para uma Eclesiologia das Igrejas Batistas da CBB - Parte III


III - POR UM CONCEITO ECLESIOLÓGICO PARA A IGREJA HOJE

Conceitos são melhores e mais eficazes do que modelos por um simples motivo: conceitos são formulados a partir de princípios o que não se faz com modelos que surgem a partir de institucionalismo.

A Bíblia descreve a igreja através de figuras de linguagem, sendo assim se tem a igreja, entre outras imagens,  como: povo de Deus, família de Deus, corpo de Cristo, Noiva, Videira, Exército, Templo vivo, Lavoura de Deus, Sacerdócio, Nação Santa.

Também se pode definir como Averyu Dulles definiu em relação aos modelos da seguinte maneira [1]:

1.            Instituição -radição Católico Romana - Conceito Básico - ano 500 até concílio Vaticano II

2.            Comunhão Mística - França 1950 começa se desenvolver este conceito entre os católicos - Mas sempre existiu na Igreja Católica chegando a Influenciar a Lutero. 

3.            Sacramento - A Igreja não somente possui os sacramentos , mas ela própria é um , porque é um sinal da graça de Deus .

4.            Arauto do Evangelho - Refere-se a teologia de Karl Barth - Que falava da Igreja como arauto de Deus que proclama a palavra de Deus e seu evangelho no mundo.

5.            Igreja como servo de Deus - Refere-se a teologia de Dietrich Bomhoffer - A Igreja deve ser  serva de Deus e de pessoas.

 

Outro autor que vale a pena recordar nessa secção é Dr.Snyder [2] com o seu modelo de igreja Reino de Deus onde seus discípulos formam esse tipo de comunidade.

Mas como bem se expressou Dulles [3] nenhum modelo pode ser tomado unicamente para se definir uma eclesiologia por mais orgânico que seja.

Sabe-se que cada paradigma tomado por modelo traz consigo um grupo de imagens favoritas, sua própria retórica, valores, certezas, compromissos e prioridades, trabalhando dois pólos excludentes: A igreja Instituição onde há: controle, hierarquia, agencias e organizações, ênfase no produto ou produção e possui um modelo de máquina; e a igreja como organismo onde há: capacitação de liderança, mutualidade e busca por consenso, filosofia encarnacional, centrada em pessoas e em processos orgânicos. Sendo o modelo orgânico o buscado numa eclesiologia sadia e funcional.

Atualmente no Brasil há três modelos em voga; Modelo Celular, Modelo de Propósitos e Modelo de Crescimento Natural da Igreja.

Neste trabalho o autor se propõe trazer a tona, para uma renovação da eclesiologia Batista da CBB, o conceito bíblico de igreja como peregrina e não “um modelo”. Faz isso com a ressalva de sua consciência de que o conceito não abarca todos as imagens da igreja, mas que está na interdisciplinaridade dessas.

Base Bíblica para o Conceito de Igreja como Peregrina

A palavra Peregrina [4] aparece poucas vezes no Novo Testamento, mas o seu significado é rico: paroichia, duas vezes; paroicheo, duas vezes; paroichos, quatro vezes. Apesar das poucas ocorrências do termo, ele é usado para descrever a própria natureza da igreja enquanto na terra. Significa o estado de peregrinação em que se encontra o povo de Deus aqui no mundo.

No AT, na tradução dos LXX, a palavra, e suas derivações, aparece muitas vezes. O povo de Israel é considerado paroichos. [5] Na realidade, as demais nações também o são. Isto significa que, aos olhos de Deus todos os povos são considerados como residentes alienados. Resulta daí que não podem imaginar-se como proprietários últimos da terra.

A experiência de Israel em sua paroichia tornou-se um sinal para que o povo fosse humilde. A lembrança da peregrinação e exílio – paroichia – no Egito deveria servir como elemento dinamizador, no sentido de um melhor tratamento aos estrangeiros em Israel, após a conquista.

Abraão é apontado como o tipo de paroichos, por excelência. Através da sua peregrinação, é descrito como aquele que aceitou a condição de exilado, peregrino, como um sinal de fé e obediência para com Deus. Assim, tornou-se um exemplo de humildade com que o povo deve apresentar-se diante de Deus, quando confrontado com o desafio de Sua promessa.

Há uma estreita relação das ocorrências do termo entre o Novo Testamento frequentemente faz alusão ou citação direta de algo registrado no Antigo Testamento (*Atos 7:6,29;13:16,17).

Em Hebreus 11, entre os grandes heróis da fé, Abraão é mencionado porque, na base de Gênesis 23:4 e 26:3, dele pode-se dizer: “Pela fé habitou na terra da promessa como uma terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa (Hb. 11:9), a razão é dada no verso 10: “Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”. Abraão foi considerado peregrino e exilado – paroichos – na terra, pelo fato de esperar pertencer a cidade celestial.

Relacionados à conotação acima há dois fatos importantes: 1 – o conteúdo da paroichi do AT é aplicado por Paulo em relação ao novo Israel, aos hagioi – santos -  Igreja de Deus em Jesus Cristo. Os cristãos foram uma vez estrangeiros e peregrinos, mas agora perderam aquela condição. São “concidadões dos santos e membros da família de Deus”. Ef. 2:19.

A implicação deste fato é que, em relação a Deus, a peregrinação ou o exílio do homem acaba em Jesus Cristo, que se transforma, assim, no documento da naturalizão – ou adoção – para nova cidadania. 2) o outro fato é que existe uma tensão dinâmica entre o não mais e o ainda.

A igreja é descrita como ekklesia e paroichia, ou, para sermos mais exatos como Ekklesia ela é também paroichia. O caráter da igreja como peregrina surge em Hebreus 13:14 onde com a ajuda de I Pd 1:1, entende-se que os cristãos são estrangeiros dispersos e podem ser identificados com as doze tribos dispersas (Tg.1:1).

Implicações

A palavra paroichia com relação à igreja demonstra o seu caráter dinâmico: é uma igreja em movimento, em ação. Manifesta-se por uma presença dinâmica e criativa no mundo.

A igreja não deve adotar para si os padrões do presente século (aion rotos) com os quais não se deve conformar (Rm. 12:1-2). A inconformação que Paulo menciona não deve ser objeto de um raciocínio reducionista da vida e história dos homens. Ela abrange principal e fundamentalmente estruturas de iniqüidade e injustiça que traduzem o pecado em suas conseqüências tristes e lamentáveis para a vida das pessoas e da sociedade. A inconformação tem a ver com o poder que se esconde atrás da aparência das coisas, neste caso, o poder do mal, que se opõe a obra de Deus no mundo. O poder das trevas procura impedir por todos os meios possíveis  a presença e manifestação do reino de Deus.

A igreja é uma comunidade de fé. Como paroichia, a igreja deve estar sempre procurando o lugar segundo a vontade de Deus para ela, ainda que esse lugar seja o do sofrimento, da incompreensão, da diáspora. Suas raízes, como as do peregrino, devem estar voltadas para cima. O único solo adequado para a igreja lançar suas raízes é o solo da vontade de Deus. Essa vontade não é tanto uma questão de apropriação subjetiva, mística, mas o viver uma vida de compromisso com os valores do Reino de

Deus, que em última análise, se interrelacionam e invadem a história do homem.

A nossa esperança não deve ser firmada em coisas terrenas, mas em Cristo. Cristo foi um peregrino.

A igreja como peregrina, deve ter visão. É a visão da fé, de situar-se agora na ação e movimento de caminhar para o amanha. Visão é uma palavra do futuro; ela se enquadra não somente no agora, mas muito mais no futuro. O indivíduo ou grupo que tem visão demonstra inenarráveis, demonstrada disposição de trabalhar, de se sacrificar, de dar-se a sim mesma para que o futuro possa nascer ou acontecer. Para a pessoa ou grupo de visão, a vida é uma peregrinação, um estado de espírito, antes de ser uma jornada; para tais, o amanha é sempre a fronteira, o país inexplorado. As pessoas, ou grupo, de visão, podem bem ser classificados de “cristãos horizontais”, ou seja, cristãos que possuem a capacidade de ver além do horizonte. São autênticos porteiros do amanha.

A igreja, como peregrina, deve demonstrar abertura para o futuro. O risco da abertura emerge a luz do encontro com Deus e a luz do encontroo com Deus e a luz da visão. No dizer de Leonardo Boff [6] “a igreja encontra-se diante de uma nova sociedade e com novas chances, opções de presença”. Quem não conhece os erros do passado – sentenciava Hegel – está condenado a repeti-los.”O olhar para o  presente e para o futuro que se abre não deixa tempo para cantar as conquistas do passado. Elas já foram celebradas apologeticamente pela instituição até a saciedade.

“Face a nova situação, a igreja deve”, nas palavras proféticas de Karl Rahner,

                                         Ir com coragem, para o novo e para o ainda-não-experimentado até o extremo limite, até lá, onde para uma doutrina e consciência cristas, clara e indiscutivelmente não pode ir além. Na vida prática da igreja hoje o único tuciorismo permitido é o tuciorismo da ousadia... O segundo hoje não é mais o passado, mas o futuro”. Se há alguém ou algum grupo que pode ousar então esse é o cristão, porque sabe que é conduzido pelo Espírito Santo que o leva de verdade a verdade. Quanto mais se escorar em si mesmo e em seu passado, mais corre o risco de ser infiel aos preceitos do Senhor presente como ressuscitado no mundo e de afogar o Espírito Santo.[7]

Borkovsky, líder batista na Alemanha, falando no 1 Centenário Batista em Salvador (1982) lembrou adequadamente: “irmãos, quando Cristo voltar Ele quer encontrar um Corpo vivo, a Sal Igreja, não um túmulo enfeitado.” Uma ênfase só ao passado pode levar-nos a atitude  de túmulo adornado.

A abertura para com o futuro implica em um passado. Há uma Harã a ser deixada. Há um passado a servir de memória e referência. Mas a determinação da presença hoje não pode ser formada só pela consideração do passado, mas especialmente pela visão do futuro. O passado é importante não para ser ressuscitado e revivido, mas para ser re-criado a luz da visão do futuro, a luz do lugar que se procura atingir, a luz da utopia crista. Só assim se terá ou se tem um presente.

A disposição mental que se requer do peregrino é a de odre novo para vinho novo (Mateus 9:16-17) a fim de que as experiências dinâmicas da vida sejam analisadas e integradas ao modo de ser cristão, após passar por um processo criativo de fermentação.

Além disso, o termo paroicheo aponta-nos a direção que deve tomar as realizações, motivos e estruturas da igreja no mundo. A direção para oikia. A igreja deve apontar para Deus. O mundo precisa ver e sentir nela os caminhos da vontade de Deus. Isso significa agir como agencia de redenção e reconciliação para com o atual sistema de coisas governado pelo pecado. Pressupõe uma descontinuidade e ruptura entre os valores do Reino de Deus e os valores do reino das trevas.

Quando se olha para o contexto histórico brasileiro onde milhões vivem sem terra, a lembrança do modelo de igreja como paroichi – peregrina – deveria servir de estimulo a uma ação em favor dos que, desprotegidos e esquecidos por parte dos poderosos da terra que a tudo e a todos procuram possuir e controlar, no entanto são contemplados ao longo da história pela maravilhosa visitação de Deus em termos de libertação.

A igreja como peregrina significa também que o estado de peregrinação em que a igreja se encontra não é final e nem definido, mas provisório. Não é aqui o lugar do nosso descanso. A caminhada cristã no mundo implica nesta direção final: o fim em que a comunidade de Deus se tornará realidade pela quebra dos valores egoístas e individualistas em virtude de uma nova visão do homem e da sociedade tornada possível pela compreensão e realização dos valores do Reino de Deus.

 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

TEMPOS DE RENOVAÇÃO - Ensaio sobre Novos Rumos para uma Eclesiologia das Igrejas Batistas da CBB - Parte II


II - TENDÊNCIAS ECLESIOLÓGICAS DA IGREJA BATISTA NO BRASIL

Há, sem dúvida, muitas tendências que a Igreja Batista Brasileira, como denominação tem experimentado ao longo de sua história e que tem refletido nos tempos atuais.

Para este ensaio quer-se apresentar entre essas apenas oito tendências reconhecendo que não são conclusivas, mas apenas apontam para a realidade eclesiástica no Brasil.

Também deve ficar claro de que a ordem em que as tendências são apresentadas nada tem haver com uma hierarquia de importância apenas obedecem fins didáticos.

1. Isolacionismo

Esse fator sempre esteve presente no meio Batista brasileiro devido ao fato de se ter surgido num contexto em que os pioneiros se sentiam como “seita sitiada” pelo catolicismo. [1] A ojeriza ao sistema eclesial e práticas romanistas levaram, por extensão, a um isolacionismo com relação a outros grupos considerados como evangélicos.

Parece que a força das controvérsias denominacionais que ocorreram no país de origem dos pioneiros foi transplantada também para terras brasileiras. Polêmicas se travaram nos mesmos moldes que os países de origem. Não se nega aqui as razões históricas dessas polêmicas. Apenas se salienta que no bojo tiveram a conseqüência de provocar um isolacionismo que, se justificável a princípio, hoje atua como força limitadora no que diz respeito a uma renovação interior da prática e estrutura eclesiástica. [2]

O isolacionismo vem sempre acompanhado de companheiros indesejáveis tais como: o orgulho denominacional, a autoritarismo dogmático, falta de amor cristão, hermetismo de linguagem e estrutura. Uma só palavra poderia descrever a tendência preconceito. [3]

Os que se apegam ao isolacionismo alegam o perigo da perda de

identidade [4] caso haja comunicação com os demais.

O isolacionismo na verdade se torna uma forma mitigada de autoritarismo. [5]

2. Tradicionalismo

Medo de mudanças. [6] Esse se identifica com o aspecto do culto ao passado no sentido de que esse deixa muitas igrejas entorpecidas impedindo coragem bastante para se realizar experimentos no que diz respeito à forma de comunicação dos conceitos e a mudanças das estruturas.

O medo de mudanças está diretamente relacionado à institucionalização crescente que se verifica no meio eclesiástico Batista no Brasil. Está identificado com o tradicionalismo paralisador. Confere ao passado status definitivo e definidor. Transformando-o em ídolo. [7]

O problema é que esse fato faz com que a Igreja não perceba o sopro do Espírito Santo que, por ser dinâmico e criador como o próprio Deus, sempre leva a compreensão da verdade a luz de um processo também dinâmico e criador. Uma estrutura que basta a si mesma a luz do seu passado é uma estrutura que não tem encontrado espaço para atuação do Espírito Santo de Deus.

Snyder [8] está certo quando comenta em seu livro que a igreja não é uma coisa. É povo. Povo escolhido, peregrino, da aliança, testemunha viva do poder de Deus, santo. Assim é preciso criar estruturas que estejam em sintonia com o que ela é ontologicamente. Não há lugar para tradicionalismo. Esta estrutura precisa passar pela mente de Cristo numa contextualização do mundo, sendo compatível com a ênfase pessoal, com a flexibilidade variada para ajudar a sustentar a vida cristã no mundo, alicerçada sobre os dons espirituais e na comunhão.

3. Autoritarismo

Esta tendência se manifesta no plano individual e estrutural. Crescem a interferência dos órgãos, centrais de planejamento, na vida das igrejas Batistas locais. Se bem que, sempre se ressalve o principio Batista da autonomia das igrejas é bom que se diga que há toda uma estrutura de pressão no sentido de levar as Igrejas a aceitarem e apoiarem os planos que a elas são remetidas.

Os jornais e revistas da denominação desempenham importante papel neste sentido. O problema não está na divulgação em si que certamente é necessária e estimulante. É que os planos são apresentados de uma forma que não permitem discussão.

Exemplos tirados da fraseologia utilizada em algumas cartas circulares, relatórios de executivos, artigos e discussões em plenário de Convenções que demonstram uma estrutura autoritária e não de autoridade. “Cremos que o Espírito Santo de Deus, inspirou-nos na elaboração deste projeto...”; [9] ”Sentimos ser a vontade de Deus que... sob a inspiração de Deus, nos reunimos e elaboramos...”.[10]

Observa-se ainda que não estão isentos do autoritarismo decorrente do carisma de liderança. Não se crer que os únicos culpados disso sejam os próprios líderes. Da mesma forma não se deve crer que tenham planejado tal tipo de coisa.

Os líderes como os liderados encontram-se inseridos numa estrutura sócio-cultural mais ampla e o que se verifica no contexto externo (nas relações e mediações políticas, por exemplo) também se manifestam no ambiente eclesiástico intra-muros. Como povo, esse está acostumado a ouvir e aceitar as verdades que lhe são comunicadas. É perigoso e pecaminoso questionar. [11]

 A verdade, é que no contexto político-social e denominacional, não é uma conquista, resultado de uma busca e elaboração tanto pessoal como coletiva. Ela é uma dádiva. Ou se aceita, ou se rejeita. Nesse sentido nenhuma estrutura se presta tanto ao mecanismo de autoritarismo como a estrutura religiosa. Não é de se estranhar, pois, que se tenha meio evidencias do sobejo no que diz respeito a sua manifestação.

4. Superficialidade Doutrinal

Exatamente por considerar a verdade como dádiva e pelo fato de se ser convidado a aderir ou assentir a verdade que é (foi) transmitida se é levado a uma superficialidade doutrinal. Esta se manifesta pela falta de convicções básicas e pessoais. As pessoas falam de doutrinas e princípios batistas como se fossem aparelhos de gravação a repetir o que neles foi gravado por um processo qualquer. O que acontece no cenário evangélico brasileiro tem entrado nas igrejas batistas sem piedade alguma, nessas que já foram reconhecidamente conhecidas como igrejas verdadeiras nas convicções doutrinárias. Veja o que diz Júlio César Lucarevski comentando sobre essa realidade:[12]

 

A saúde espiritual dos evangélicos não vai nada bem. O não compromisso, a superficialidade, e a falta de fundamento bíblico e teológico caracterizam a espiritualidade de hoje. Apesar de proliferar os encontros de adoração, as correntes de oração, empenho no serviço para o Reino e a aplicação nos estudos bíblicos, o resultado continua sendo vidas vazias de Deus. O muito saber e muito fazer não tem garantido uma espiritualidade genuína de paixão pelo Senhor Jesus e de renovação integral. Uma das grandes armadilhas em que as igrejas brasileiras tem caído é a opção por um evangelho light. Um cristianismo sem consistência doutrinária, que não aborda questões como pecado, cruz, e a identificação com Cristo. Outro contratempo é a opção pelos extremos: de um lado a salvação pessoal e espiritual, do outro a preocupação com as necessidades humanas.

 

O pastor e escritor Ricardo Gondim [13] tem afirmado que o movimento evangélico está chegando ao fim. O movimento evangélico tal como conhecemos está fadado ao fracasso. Para ele o pragmatismo é a principal causa de sua bancarrota. A espiritualidade da técnica e do como fazer irá ceder lugar para uma nova espiritualidade. A mesma coisa tem dito o escritor Larry Crabb.[14] Quando argumenta que os evangélicos estão cansados de meia hora de arremedo de adoração nas manhãs de domingo, seguido de quarenta minutos de palestra motivadora disfarçada de sermão. Cada vez mais pessoas famintas estão fazendo retiros silenciosos, conscientes de um anseio por Deus e desejando sinceramente encontrá-lo. Está acontecendo uma guinada da espiritualidade.

Em uma análise, a superficialidade doutrinária se manifesta pelo apego a fórmulas repetidas, pela teologia que se limita a ser uma teologia de compêndios, geralmente transplantada, ou pela teologia que se caracteriza por ser uma apropriação particular, de um individuo particular, numa situação particular que, então, forma uma escola de seguidores. Não há uma doutrina que nasça de um processo de reflexão crítica onde o sujeito desempenha papel preponderante por ser ele desafiado a interpretar o sentido da Palavra de Deus para o seu tempo que se chama hoje.

Uma das evidencias do superficionalismo doutrinal é a ênfase exageradas que se emprestem as formulações doutrinais em detrimento dos aspectos práticos da fé que se traduzem num comprometimento abrangente com o Reino de Deus.

Assim, despida dos aspectos mais dinâmicos de sua própria vitalidade, a fé se transforma numa mera questão intelectual, ou acadêmica, de aceitação de um credo confessional.

Destarte se limita a própria dinâmica da vida crista.

5. Distorção na Compreensão da Responsabilidade para com o Mundo

Líderes Batistas da BCC possuídos por uma visão estática da Igreja e voltados para a manutenção de sua estrutura formal, mudou-se também a perspectiva de missão. É bom relembrar as palavras de Cristo em João 17  quando orou ao Pai celestial para que não tirasse os discípulos do mundo, mas que os livrasse do mal. Tem-se a impressão, às vezes, a partir de algumas expressões e atitudes de muitos obreiros e crentes que se conseguiu realizar a oração sacerdotal ao contrário!  Quer dizer que, uma vez que Jesus não pediu ao Pai que nos tirasse do mundo nós mesmos nos eclipsamos!

Preocupa-se o fato da Igreja não ser procurada a fim de dar uma palavra, como grupo, que ajude em situações problemáticas do mundo contemporâneo. Mas, o ostracismo ao qual se tem sido relegadas não será, antes, uma resposta à alienação em que se encontra face aos problemas mais angustiantes de nossa sociedade.

Na última parte do livro organizado por Valdir Steuernagel intitulado A missão da igreja: Uma visão panorâmica sobre os desafios e proposta de missão, para a igreja na antevéspera do terceiro milênio. [15], mostra  a missão da igreja enquanto sua encarnação e a diaconia. O artigo de Samuel Escobar, sem dúvida nessa parte, fornece o destaque deste bloco quando trabalha a natureza do protestantismo em relação a outras vertentes eclesiásticas dando o verdadeiro significado sócio-político deste. A relação ente cultura e missão também é abordada chamando a atenção sobre a dimensão que ela deve ter na vida da igreja, uma vez que, a América Latina é uma cultura viva e complexa, para que se valorize as expressões positiva dessa. Os assuntos éticos são abordados nos capítulos dessa secção:  O compromisso da paz (17) deve fazer parte da missão da igreja refletindo a conciliação missionária que faz com que os muros do ódio sejam derrubados e novas vias reconciliadas sejam construídas; Os direitos humanos 18, tendo como ponto norteador o homem-imagem-de-Deus que o torna ser libertador, salvador; A fé que deve expressar-se nas obras (19), o envolvimento político(20)como caminho da igreja na transformação histórica, os grupos marginalizados(21)onde a Eclésia deve buscar soluções viáveis e dignas; As comunidades eclesiais de base(22) onde os pequenas igrejas causam impacto evangelístico, formando um novo modelo de evangelização; O problema da modernidade(23), onde duas questões são tratadas: o problema da verdade e as formas pertinentes de envolvimento social e político; A questão da ecologia(24 ) que impõe a igreja a ser responsável criando e zelando por uma ética cristã.

A triste realidade é que a maioria das igrejas batistas da CBB não se enquadra com os desafios citados anteriormente.

O termo “evangelho Integral” é desconhecido por quase a totalidade dos líderes dessas igrejas, tornando-as “espiritualizantes” e desplugados do mundo.

6. Perda do Sentido da Unidade Denominacional

Outra tendência tem sido a perda do sentido de unidade do povo batista. Isto é fácil de perceber a partir do planejamento estratégico que a CBB realizou para a denominação priorizando em seus objetivos a palavra “unidade”. [16]

Hoje, podemos dizer as maiores ameaças para a desunião não vêem de fora, por grupos confessionais que possam vir a nos combater. Geralmente as ameaças externas provocam uma união muito maior dos membros do grupo. A principal ameaça vem de dentro de nosso arraial.

Pelo menos as seguintes tendências se mostram perniciosas por ensejarem uma perda crescente do sentido da unidade denominacional.

- a competição interna gera batalhas e querelas intestinas que se consomem muita energia que poderia ser gasta em aspectos missiológicos;

- há muitos indivíduos que se dizendo batistas, no entanto, em função dos objetivos de sua organização ou ministérios são obrigados a se comportarem de modo amorfo em questões doutrinais a fim de não perderem o apoio financeiro para suas realizações.

- falta de visão corporativa, ou seja, do todo, Tem-se a tendência de analisar as questões setorialmente e não globalmente. Falta de percepção por parte da igreja de que um membro doente leva todo o organismo a sofrer. Aquilo que afeta o outro afeta a si mesma. A própria estrutura de Educação Religiosa tem levado a esse tipo de percepção setorial. As várias organizações de educação religiosa competem entre si em busca de espaço sem que se perceba uma integração dos seus objetivos particulares com os objetivos gerais da igreja como um todo.

7 - Ruptura Estrutural

A Igreja Batista no Brasil já teve uma cisão quando se desmembrou o grupo renovacionista e tudo indica que caminha para uma outra ruptura estrutural.

Os sintomas aí estão pelo excesso de individualismo. Um movimento centrado no indivíduo dificilmente retrocede em função do grupo denominacional. Já foi salientado que alguns indivíduos são maiores do que uma denominação pode conter. Tendo uma estrutura própria (e, consequentemente, poder) a única saída é a capitulação do grupo ao individuo ou então a ruptura.

O problema se torna ainda mais grave quando se percebe que determinados programas parecem ser financiados por agencias e indivíduos externos que impõem explicita ou implicitamente, determinada linha teológica. Preocupa-nos a projeção de tais influências e interferências para um futuro não muito remoto.

Presentemente, os batistas do Sul dos Estados Unidos se encontram sob forte pressão de um grupo de tendência fundamentalista que, financiado por alguns milionários do Texas, elaboraram um plano de tomada do poder na Convenção do Sul com a finalidade de expurgar todos aqueles que não partilham da mesma postura fundamentalista. Para dar conseqüência a esse plano têm feito violência aos valores éticos os mais elementares.

Parece que a controvérsia fundamentalista norte-americana[17] está sendo exportada para o Brasil, não faltam aqueles que se prestam para serem porta-vozes.

8 - Orgulho e Vaidade Denominacionais

O maior problema que se enfrenta é o pecado do virtuosismo moral. Este foi o pecado dos fariseus ao tempo de Jesus. Se pode, como indivíduos e como denominação, serem apossados de uma atitude de orgulho e vaidade quanto aos feitos do grupo denominacional. Tal atitude de autoglorificação jamais poderá ser coadunada com o Espírito de Cristo.

Por haver a tendência a da Igreja de se considerar os números que marcam o progresso de seu crescimento com uma soberba em relação às demais denominações essa se limita aos seus arraias não havendo nenhum interesse de se assentar com os demais que pensam diferente para entender a manifestação de Deus para a essa época.



[1] CAVALCANTI, Robinson. A utopia possível: em busca de um cristianismo integral. Ultimato: Belo Horizonte,1997. p. 184. É nesse contexto que o autor desenvolve quatro blocos temáticos: a questão teológica, a questão eclesiástica, a questão social e a questão política. Para o autor, a utopia, o sonho do novo, do diferente, do melhor, motiva a nossa caminhada, mesmo quando a conjuntura parece dizer o contrário.

[2] LEITE, Cláudio a.C., CARVALHO, Guilherme V. R, CUNHA, Mauricio J. S. (Org) Cosmovisão cristã e transformação.  Ultimato: Belo Horizonte, 2006. p.304. Há neste livro que versa sobre abordagem teórica às ações práticas da igreja interessante reflexão sobre a relação isolacionismo e mudança eclesiástica das igrejas brasileiras.

[3] Ver mais sobre o assunto em: PIXLEY, J. História a partir dos pobres. Petrópolis: Vozes, 1982.

[4] HALL, Stuart. A questão da identidade cultural. Tradução de Andréa Borghi Moreira

Jacinto e Simone Miziara Frangella. coleção Textos Didáticos-IFCH/UNICAMP, nº 18- fevereiro de 1998, 2ª edição revista. Estudo sobre a identidade de grupos sociais onde toca no tema fobias quanto a aproximação de outras identidades.

[5] Transição Política na América Latina: De Regimes Autoritários a Democracias ainda não consolidadas", artigo publicado na Revista de Informação Legislativa, janeiro-março/1994, Brasília, Ano 31, n° 121.) Esse artigo toca de maneira peculiar a questão sobre a relação isolacionismo e sistemas autoritários e democráticos.

[6] VANIER Jean. O Despertar do Ser.Tradução: Magda França Lopes . São Paulo: Verus Editora, 1998. O autor escreve sobre a premissa de que por medo de sofrer, se excluí da vida social todos aqueles que são diferentes de nós. Com isso, se perde a oportunidade de ouvir o apelo do necessitado e de transformar o mundo num lugar melhor.

[7] AMORESE, Rubem Martins. Excelentíssimos Senhores. Belo Horizonte: Ultimato, 2000. p. 200. Ética, comunicação, família, liderança, política e igreja — a partir destes blocos temáticos, Rubem Amorese  leva o leitor a aprender a pensar de maneira cristã e a construir respostas que reflitam o pensamento de Cristo que não é institucionalizado, mas essencialmente orgânico..

[8] SNYDER, A.Howard. Vinho novo, odres novos. São Paulo: ABU, 1996. p.252. Interessado na relação entre odres e o vinho do evangelho afirma que Deus é um Deus de novidade e por isso deve haver a consciência da relatividade das estruturas da igreja a fim de se ter novas atualizações dos odres. Esta relativização deve partir do ponto de que a igreja é organismo vivo e todo âmbito de sua ecologia a fim de que a igreja seja composta de relacionamentos essenciais, vivo e amoroso entre Cristo e ela mesma e horizontalmente.

[9] Jornal Batista, 25 de março 2005. Ed. 3.

[10] Jornal Batista, 01 de agosto2006. Ed. 7.

[11] Ver mais sobre o assunto: AMORESE, Rubem Martins. Igreja e sociedade. Belo horizonte: Ultimato, 1998. p. 136.

[12] Internet. Página pessoal de Júlio César Lucarevski. http://www.livreemcristo.com.br/estudo_det.cfm?ID=280

[13]Gondim, Ricardo.  Como vencer a inconstância. Cadeias, 2004. p. 263.

[14]CRABB, Larry. Lugar mais seguro da terra. São Paulo: Mundo Cristão, 2000. p.280.

[15] STEUERNAGEL, Valdir. A missão da igreja: Uma visão panorâmica sobre os desafios e proposta de missão, para a igreja na antevéspera do terceiro milênio. Belo Horizonte: Missão Editora, 1994. 411p.

[16] Veja os propósitos da CBB em documento oficial Planejamento Estratégico 2002/2007. 

OBJETIVOS - Promover o cumprimento da missão integral da Igreja, estimulando-a e lhe dando suporte para elaboração e implementação de projetos missionários, sociais, etc.; Promover a identidade denominacional; Promover a unidade doutrinária; Promover a qualidade de ensino teológico, cristã e secular; Captar recursos para consecução de seus projetos; Estimular a unidade, integração e cooperação, através de uma comunicação efetiva; Produzir literatura e qualidade que atenda às necessidades de unidade das igrejas.

[17] CAVALCANTI, Robinson. A Igreja, o País e o Mundo. Belo Horizonte: Ultimato, 2000. p. 160. O autor é um crítico ferrenho a esse tipo de importação ideológica e vale a pena ler mais sobre suas idéias.