quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Pastoras uma Questão de Visão


Ela é pastora. É pastora não porque é minha mulher, mas porque a igreja naturalmente a reconheceu como tal pela totalização de suas ações pastorais. É claro que eu também sou testemunha deste chamado divino e ministério em sua vida. Ando ao seu lado, nem à frente e nem atrás. Pelo menos tento.

Creio que muitas a conhecem principalmente neste fórum, Pra. Zenilda R. Cintra.

Durante todo debate feito pela internet tenho procurado ficar isento por algumas razões:

1. A mais óbvia é que sou suspeito em tudo que falo ou escrevo pelo fato de ser seu cônjuge – pelo menos assim alguns podem pensar.

2. Porque ela é muito competente em suas argumentações e estou com ela em sua forma de escrever não necessitando de repetir as mesmas coisas;

3. Queria ter um quadro bem claro dos diversos listeiros que escrevem sobre o assunto para depois me pronunciar.

Neste inicio do ano senti vontade de fazer algumas colocações e espero que de alguma maneira possamos crescer no entendimento do assunto em pauta.

Ainda que o debate sobre ser bíblico ou não ser pastora, já seja exaustivo, não há como negar que na boca dos que são contrários ele sempre aparece e, é claro, com a afirmação de que a Bíblia não endossa o ministério pastoral feminino.

As respostas por parte de quem defende, geralmente são mostrar alguns textos em que a mulher é colocada em situação pastoral.

Com certeza, isto é parte, mas não é suficiente. Por mais que se mostre, os que não concordam com o ministério pastoral feminino não poderão ver porque estão míopes quanto à maneira de olharem os textos bíblicos. Aqui não há nenhuma intenção de ofender quem quer que seja, mas sim procurar ampliar a compreensão do assunto.

Sem querer ser simplista, mas sendo, tudo é uma questão de visão.

Tudo começa pelo olhar. Para os que rejeitam a função pastoral feminina seus olhares estão centralizados na razão, na filosofia iluminista, machismo e no pensamento que despreza os sentidos, a simplicidade da existência humana. O olhar é posto sobre as Escrituras e penetram apenas onde os olhos humanos podem ir. É limitado. É embaçado pela ideologia adquirida ao longo dos anos. Faz-se necessário buscar a ajuda do Espírito Santo que, como uma lupa, aumenta a nossa visão e nos ajuda ver em maior profundidade a vontade de Deus para as nossas vidas, de sua igreja e Reino.

Ao permitirmos este acontecimento em nossas vidas recuperaremos o valor da sexualidade oposta, no caso feminino, a questão do corpo da mulher e todo signo implícito a esse. O corpo que, independente da sexualidade, se faz sinal do Reino e das possibilidades de Deus para a realização de seus planos.

É necessário uma nova leitura a partir do resgate do feminino nos textos bíblicos.

Por exemplo, ver Eva, a mãe dos viventes, mais do que a tentadora do seu parceiro Adão. Matriarcas como Sara, Rebeca e Lia, tão importantes como os patriarcas. O êxodo e a libertação do Egito a partir da articulação de mulheres, parteiras e mães. Raabe como aquela que possibilitou a posse da terra pelo povo. Débora e Jael que tiveram papel decisivo no processo de formação de Israel e no início da profecia. Hulda que foi a profeta que mediou uma grande reforma em Israel. Rute, Judite e Ester como projetistas da força do povo bíblico. A jovem amante ousada do Cântico dos Cânticos que proclama a força do amor.

Ainda é preciso olhar para Jesus que, em qualquer dúvida que tenhamos, serve de padrão regulamentador. No seu discipulado, teve mulheres que o seguiram desde a Galiléia, estiveram presentes ao pé da cruz e foram as primeiras apóstolas da ressurreição. Há mulheres ligadas à palavra como Maria Madalena, Marta e Maria. Há mulheres curadas e reintegradas à diaconia como a sogra de Pedro, a hemorrágica, a filha de Jairo e a mulher encurvada. Há mulheres evangelizadoras, como a Samaritana e a siro-fenícia. Nas comunidades, há mulheres que protagonizam o culto e a profecia como as de Corinto. E ainda Priscila, Lídia, Febe, Maria e tantas outras.

Qual é a visão? O que se precisa ver? Em toda a Escritura a chave é: Deus está construindo uma nova comunidade. Começa do ponto cultural e social, isto é, histórico, do povo, e caminha rumo a uma sociedade onde contraria valores marcados pela discriminação, casta, injustiças e opressões. O eixo sai de uma sexualidade masculina, passa pela possibilidade de uma sexualidade feminina em questões ligadas a direitos, deveres, poderes e descortina na oportunidade ilimitada para o ser em toda sua potencialidade e oportunidades.

Por isso é preciso desconstruir os textos, ou melhor, dizendo, precisamos desconstruir a maneira como fomos ensinados a ler os textos. Se eu fosse da esquerda ia até dizer que precisamos desconstruir os interesses que os escritores, escribas bíblicos tiveram ao escreverem algumas situações, como por exemplo, o papel da mulher na Monarquia que foi praticamente aniquilado, mas não sou. Sou, digamos, moderado em questões hermenêuticas. Basta desconstruir a tradição. A que recebemos.

O processo de desconstrução supõe desfazer processos viciados que produziram o texto, analisar as entrelinhas, buscar o que está por trás das palavras. Desconstruído o texto, é preciso reconstruí-lo com novas relações de gênero, em que mulheres e homens, possam construir novo modo de ser. A reconstrução do texto implica em buscar novos paradigmas, descobrir novas mensagens no texto refeito.

Portanto, aceitar pastoras é uma questão e sempre será de visão. Visão ampliada, em nova direção, profunda, que venha realmente da ação do Espírito Santo através de sua igreja que é maior do que seus próprios líderes e interesses.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Líderes que Suplicam por Um Avivamento ao Longo dos Anos

Deus é Senhor de todo Avivamento através dos tempos no meio de seu povo. Isso significa que há uma soberania divina em toda a obra do “soprar” de Seu Espírito em cada pessoa e em Sua comunidade escolhida. Algo que, por mais que possamos estudar através das manifestações históricas, jamais entenderemos toda a lógica desde “novo fôlego de vida” e da amplitude de todo o mistério que faz com que “ossos secos” receberem nervos, músculos e vida.

O que poderemos fazer para que a obra de avivamento possa acontecer entre o povo de Deus? Quais os caminhos que ele nos deixou para trilharmos sem que possamos correr o risco de competirmos ou realizarmos a obra que somente ele pode realizar?
Acredito que há muitas coisas que sua Palavra nos aponta para que isso aconteça, mas há algo que a meu ver antecede a qualquer ação humana: a súplica.
Líderes do povo de Deus precisam suplicar. Pedir com todas as suas forças, com todo o seu ser e com todo o despojamento para que haja um avivamento em suas vidas e no meio de suas comunidades.

Suplicar o quê?

O texto de Habacuque é uma súplica por Avivamento através dos anos. Quero pensar com você sobre a relação entre avivamento e anos – entre vida e tempo. Sim, porque acredito que, a partir do início da vida cristã e também de nossa liderança, temos que pedir por avivamento. Mas ao longo do caminhar com Cristo e com o povo se faz mais necessário ainda essa súplica. Parece-me que o tempo muitas vezes tem a capacidade de fazer rugas não somente em nossos rostos, mas também em nossas perspectivas, sonhos e ministérios.

Dez são as súplicas que desejo propor a você, líder, ou a você que faz parte do povo de Deus e não pertence a liderança.

1º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento porque através dos tempos perdemos muitas vezes o amor pela igreja de Jesus.
Muitas são as lutas que os líderes têm que enfrentarem no seu dia-a-dia. Os problemas surgem a todo o instante e parecem que correm numa velocidade assustadora em direção daqueles que lideram o povo de Deus. Como se isso não bastasse, o líder tem como parte do seu trabalho questões inteiramente administrativas, próprias do seu ministério, e ainda que trabalhe com uma equipe ministerial e tenha pessoas financeiramente remuneradas para a coordenação administrativa, na prática o “peso” maior sempre será do líder reconhecido por todos e por sua equipe. Esse tipo de trabalho, ainda que de suma importância, é uma espécie de “aspirador de pó”, que aspira muita energia do líder, consumindo-o demasiadamente.

Um líder me disse certa vez: “Há momentos que estou realizando tantas coisas administrativas que quando chega alguém para um aconselhamento ou para uma conversa informal fico incomodado e muitas vezes tenho vontade de pedir para que volte outro dia.” Temos que suplicar o avivamento de Deus porque isso fará no coração do líder uma espécie de pausa. Precisamos de “pausas” nas tarefas diárias e ao tempo que necessitamos de, com a ajuda do Espírito Santo, compor melodias de amor onde a igreja é a grande contemplada. Um líder que pode receber ainda pessoas porque a sua agenda tem sempre espaço, por mais trabalho que ele tenha; que pode sentar e simplesmente conversar sobre a vida, que recebe amigos em casa e que não foi pego por uma burocracia medíocre, certamente recebeu o avivamento de Deus em sua vida.

2º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento para continuarmos a acreditar nas pessoas.

Talvez uma das coisas mais difíceis através dos anos é continuar acreditando nas pessoas.
Lembro-me que quando comecei o ministério era tão crédulo. Acreditava tanto nas pessoas, no que elas afirmavam ser verdadeiro, mesmo diante de evidencias contrárias; achava que as pessoas tinham palavra de honra e uma vez combinado algo, combinado estaria. Experimentei muita decepção ao longo dos anos, fazendo-me achar que não há pessoas sinceras, não há amigos de verdade.

O sopro do Espírito Santo precisa chegar na vida do líder para que, contra todas as evidencias, faça ele ainda acreditar, de forma madura, que ainda há pessoas sinceras, amigas, que estão com você e nunca vão trai-lo; pessoas que querem serem santas e por isso não usam máscaras, são verdadeiras, e estarão conosco na caminhada.

3º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento para desfrutarmos a parte “boa” do ministério.

Muitas vezes através das experiências na liderança o líder se sente magoado, triste e com dor. Conheço muitos líderes que no final de suas “carreiras eclesiásticas” têm tanta dor, que nada que se faça por eles é suficiente. As marcas são grandes.
Precisamos suplicar a Deus, através dos anos, por avivamento para com nossas emoções para que haja espaço para alegria, que certamente há. Não somente espaço, mas para poder “curtir” esse tempo de unção em nossas vidas, sem medo de acabar rapidamente.
O avivamento na vida do líder faz com que ele seja semelhante a mulher que perdeu a dracma em sua casa, conforme parábola de Jesus, e diligentemente passou a procurá-la e quando a achou houve muito regozijo juntamente com a comunidade de amigos.
Líderes precisam de alegria não somente quando iniciam seus ministérios, mas no meio e principalmente no final. O avivamento faz possível isso acontecer.

4º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento para não ficarmos doentes e deixarmos outros doentes.
O estresse tem sido a doença do século e está presente dentro da igreja, na vida de muitos líderes. Esses têm enfrentado depressão, síndrome de pânico e outras tantas patologias e o que é mais grave, sozinhos quase sempre. Essa realidade não somente acontece pelos problemas e lutas do ministério, mas por lutas espirituais nas regiões celestiais, que trazem retaliação na vida dos que lideram o povo de Deus.
Costumo dizer que os psiquiatras ainda não descobriram que seria um ótimo negócio abrir suas clínicas ao lado de templos religiosos porque teriam os líderes como seus clientes mais cativos. Brincadeiras à parte, realidade sofrível. Muitos não tem conseguido sair do caos que enfrentam e não possuem nem condições financeiras para tratamento do corpo e da alma e nem segurança para contar seus mais profundos medos e frustrações.

Creio piamente que há muitos líderes surtados no ministério que fazem coisas que são frutos de mentes doentias. O que é pior, é o fato desses nem se perceberem assim. Precisamos de suplicar por um avivamento através dos anos que traga uma unção de cura para o nosso ser. Um sopro que recupere uma saniedade ou que pelo menos ganhe mais tempo para Deus prover condições de ajuda aos seus ungidos.

5º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento que nos faça assumir nossos erros do passado e nos dê coragem para realizar a coisa certa.

Assumir erros talvez seja algo muito difícil para aqueles que falam e agem em nome de Deus. Mas somos humanos e não é o fato de sermos porta vozes dos céus que não erramos. Quando comecei o meu ministério, uma irmã em um dos nossos cultos começou a bater palmas em uma música. Eu tinha sido educado em uma instituição de ensino teológico conservador e por isso achava que isso era algo errado. O que fiz? Diante de todos pedi para que ela parasse com aquele ato. Naquele tempo achava que estava fazendo algo que agradava a Deus. O tempo passou e hoje sou o primeiro a bater palmas nos cânticos. O trajeto para que isso acontecesse não foi fácil. Primeiro tive que assumir que errei, depois mudar minha atitude e todo o meu ensinamento com o meu povo, mas não era justo com ele eu ter realmente entendido corretamente o que é uma celebração e não ter coragem para mudar.

Precisamos de suplicar a Deus por um avivamento que nos dê forças para chegar diante de todos e dizer: “Até aqui foi assim...mas o Espírito trabalhou em meu coração e agora vamos começar um novo tempo... sei que será difícil para alguns como está sendo para mim...mas Deus não falou que seria fácil. Temos que obedecer.” O Espírito Santo precisa fazer isso com seus líderes e esses precisam rapidamente concretizar Sua obra no meio do seu povo. Alguns esperam mudar de igreja para começarem uma nova visão, mas isso não é justo e honesto.

6º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento que nos faça querer renovação.

Há um dito que sempre falo em minha igreja: “Só quem gosta de mudanças é criança com fralda molhada”. Uma irmã me disse certa vez: Estou cansada de tanta mudança e ainda o senhor fala sobre mudanças na igreja? Quero estabilidade e ficar do jeito que estou”.

Realmente ao passar dos anos o líder tem a tendência de querer se estabilizar em sua liderança e em seus feitos e, dentro de uma certa margem, isso é previsto. Há tempo para construir e tempo para usufruir de tudo o que foi construído.

Por isso precisamos suplicar a Deus um avivamento em nossos sentimentos e em nossa razão para que queiramos experimentar renovação em todos os nossos graus de maturidade e em qualquer tempo de nossa vida e de nossa igreja .

Uma vida e uma igreja precisam de vez e sempre de renovo em sua visão, missão, ações, ministérios, patrimônio.... Isso dá muito trabalho...construir novamente, meu Deus...que luta! Mas é assim mesmo. Aqui não é o nosso descanso, é bom lembrar do que o senhor nos falou. Vidas e igrejas renovadas trazem esperança e privilégios jamais imagináveis àqueles que estão participando desse mover.

7º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento que nos amplie a visão para os novos tempo em que vivemos.

8º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento que nos faça ter paciência para plantar e colher.

9º - Precisamos suplicar a Deus por um avivamento para saber a hora de crescer.

10 – Precisamos suplicar a Deus por um avivamento em que Ele é a razão de tudo.

Estas súplicas, que se fazem necessária em todos os tempos, mas principalmente “através dos tempos”, fazem toda a diferença. Diferença que, sem dúvida, cria no povo de Deus, a partir do próprio líder, força de crescimento em maturidade, e por conseguinte, um resultado de bênção para o Reino de Deus na face da terra.

Que todos os líderes possam suplicar como Habacuque: Aviva, Senhor, a obra tua `em mim` através dos anos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

As Visões Celestiais de um Líder


Seria um problema de visão? Essa é a pergunta que cada líder eclesiástico deveria fazer periodicamente a respeito de seu ministério na igreja de Cristo, principalmente quando as coisas não andam bem. Mas somente perguntar não basta. É preciso dar uma resposta satisfatória.
O apóstolo Paulo, diante no Rei Agripa, em Atos 26:16, afirma veementemente: “não fui desobediente à visão celestial”. Sua defesa foi baseada na convicção de que sua visão, não a humana, mas a espiritual, uma vez alcançada por Jesus Cristo, se tornou completamente comprometida com a obediência a Deus.
Creio que nós, líderes, muitas vezes não saímos do lugar, patinamos e até voltamos atrás porque vemos o que outros querem que vejamos e ouvimos o que muitos desejam que ouçamos. Em uma eclesiologia democrática isso acontece muitas vezes e dessa forma entramos em desacordo com a vontade de Deus, que traz as bênçãos para nossas vidas e ministérios.
Interessante o que aconteceu com Paulo quando era Saulo. O texto nos vers. 12 a 18, diz que outras pessoas estavam com ele quando Jesus se apresentou, mas somente ele viu. Os outros viram a luz, mas não o Senhor da luz, viram o clarão, mas não quem estava no clarão. Creio que Deus tem nos chamado para ver coisas que ninguém vê e certamente isso está dentro do escopo de um líder cristão.
A Bíblia está repleta de pessoas com ou sem visão. Obedientes ou desobedientes a visão. O caso, por exemplo, de Geazi, servo de Eliseu, que não viu o exército de Deus e precisou que o profeta orasse para que sua visão fosse aberta. Daniel, que diante dos companheiros de oração por 21 dias, teve a visão de tudo o que o Senhor iria fazer, o que não aconteceu com os que estavam ao seu lado. Os dois discípulos que correram para o túmulo de Jesus, sendo que o primeiro a chegar viu, mas não entendeu o cenário da ressurreição e o segundo, Pedro, viu e entendeu o que havia acontecido.
Creio que nem tudo é um problema de visão, mas tenho que admitir que, quase sempre, nossa visão é a responsável por desastres na vida da igreja de Cristo. Nossa visão precisa ser cada vez mais teocêntrica, temos que buscar ver o que Deus quer que vejamos. Precisamos nos comprometer com sua visão ao ponto de pagar, como Paulo, o preço de sermos guiados não por pessoas, mas por aquele que nos chamou.
Líderes do Senhor, tenhamos visões celestiais e nos movamos por elas. Certamente nossos ministérios serão abençoados e abençoadores e, no final de tudo, nossa defesa será: “Senhor, tu sabes que não fui desobediente a visão celestial”.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A INSERÇÃO DAS PASTORAS NO CONTEXTO DENOMINACIONAL


Eis-me aqui, Senhor, quero servi-lo como pastor(a)!  Vindo de lábios femininos em nossa Convenção é algo possível e real. Já era tempo!

Agora é preciso caminhar. A inserção das pastoras  em nosso contexto deve cumprir etapas importantes para que elas exerçam sua liderança em todos os âmbitos eclesiásticos e tenham garantias de um futuro promissor. Sendo assim:

1.       É necessário o reconhecimento, a inclusão como sócias em todas na OPBB e em todas as secções e subsecções. Não basta apenas o aceite por algumas, como já se tem, mas é preciso integralidade.  Alguns podem pensar: elas que façam a sua própria ordem ou associação.  É claro que sempre poderá acontecer diante de uma da Ordem, mas  isso só demonstraria uma luta desnecessária e a falta de busca por uma parceria sadia entre homens e mulheres que desejam a mesma coisa: serem instrumentos de Deus no cuidado do rebanho. Outro fato é que a OPBB tem vasta experiência ao longo dos anos em lidar com processos pastorais e isto, sem dúvida, seria de grande ajuda neste primeiro momento em que as mulheres estão se inserindo no contexto pastoral;

2.       Ë necessário que, a começar de nossas principais escolas de ensino teológico,  haja nos currículos espaços interdisciplinares sobre questões de gênero,  objetivando a formação intelectual não discriminatória e hermeneuticamente correta. Para isso devem buscar pastores e pastoras, professores(as) que insiram nas disciplinas as diversas visões a respeito do ministério ordenado de mulheres , além de ajudar cada mulher –aluna a encontrar caminhos junto às igrejas na área pastoral através de recomendações,  estágios supervisionados, projetos e etc.;

3.       A urgência na revisão de nossa literatura produzida e documentos para que se tenha uma linguagem inclusiva onde o ser pastor inclua o feminino;

4.       A criação de textos sobre o ministério pastoral nas principais mídias de nossa denominação buscando não a sua legitimação, porque isso já não se faz necessário, mas a abertura junto às igrejas para que realmente estas saibam que a denominação aceita mulheres no pastorado e que as igrejas podem, no processo de sucessão pastoral, aceitar mulheres.

É bom saber que o melhor ainda está por vir e creio que, no que concerne a ministros e ministras de Deus, no cuidado pastoral, a obra será concluída, sem rupturas denominacionais, mas pela unidade que constrói vidas e uma denominação abençoada.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Minha Filosofia de Ministério Pastoral - No que Creio


De forma bem suscinta passo uma relação do que creio - um tipo de filosofia de ministério, que apresentei aos membros de minha Equipe pastoral bem como tem sido a base de todas as ações. Veja:




Quanto a Relevância:

Uma igreja deve ser relevante em tudo que é e faz para o mundo a começar pela comunidade onde se faz igreja e está inserida;

A igreja deve ter em suas ações vários círculos de ação que ajudem as pessoas a chegarem ao núcleo do Ser Discípulo.

Quanto aos Ministérios:

Uma igreja deve ter vários ministérios, tantos quantos houver necessidade e pessoas para desempenhá-lo; não vejo isso como produtos em um super mercado;

Os ministérios devem manter um equilíbrio diante do todo. Não deve haver ministério mais importante do que o outro; o que pode acorrer é uma ênfase maior para um devido ao desequilíbrio existente a fim de alcançar juntamente com os demais êxito.

Quanto ao Preparo:

Técnica e espiritualidade não se excluem, mas são juntos componentes indispensáveis no Reino de Deus para servir com qualidade;

Todos que estão envolvidos em serviço na igreja devem melhorar seu desempenho nestas duas áreas;

Fica difícil manter alguém que tem espiritualidade e não tem técnica ou vice-versa por muito tempo em algum ministério porque a infidelidade faz com que Deus tome suas providencias e substitua as pessoas que estão em sua obra.

Quanto a pessoas:

Pessoas são mais importantes do que coisas. Entre ter coisas e investir em pessoas, fico com as pessoas;

O ser vem primeiro do que o fazer. Pessoas precisam ser cristãs nas questões de caráter e ações para depois serem líderes da comunidade;

Pessoas precisam de conhecimento, mas precisa muito mais de amor;

Relacionamento é e deve ser a grande temática de uma igreja;

Quanto a Disciplina:

A igreja deve ser terapêutica tendo como objetivo diante do pecado ou falha do irmão fazer com que surja o arrependimento e a reintegração desse nas atividades do Corpo de Cristo, sem julgamento e punição, a não ser que depois de muitas tentativas se tenha grande rebeldia;

A exclusão ou afastamento da igreja local é a última etapa e deve-se fazer de tudo para que isso não aconteça principalmente se é jovem o membro;

Deve se dar tempo para que as coisas sejam resolvidas do modo de Deus e para que tudo se apresente como realmente é;

Cada caso deve ser analisado e buscado uma solução de cura e restauração específica;

Confissões aos pastores devem ser sigilosas e eles não devem se justificar caso o fato caia em domínio público;

Toda acusação contra alguém deverá ter provas ou a pessoa que relatou o fato deve assumir diante da acusada o que falou caso contrário não se deve falar nada;

Biblicamente antes de vir aos pastores um determinado fato para disciplina a pessoa que sabe deve ir até o irmão e conversar com ele, se não adiantar levar outro e se não adiantar aí sim aos pastores;

Acusações advindas de vingança ainda que tenham teor de verdade não devem ser aceitas – motivo: a motivação não é pela santidade da pessoa e sim para o seu prejuízo e isso eu não aceito;

Cabe ao pastor titular conclusões sobre processos disciplinares juntamente com a Equipe diaconal.

Quanto a Reuniões

A igreja deve se reunir em grandes celebrações, eventos para anunciar Cristo em todo o seu esplendor e em pequenos grupos – células para evangelizar e compartilhar uns com os outros a  vida.

Quanto à liderança:

A liderança deve estar localizada abaixo do organograma e não encima. 

A liderança serve aos liderado;

Liderança é o alvo para todos os membros da igreja. Todos precisam chegar neste nível como crente.   

Liderança como sinônimo de maturidade de desempenho dos dons;

Existem líderes institucionais que são chamados para servirem liderando equipes na igreja local. Esses devem ser escolhidos pela igreja;

Toda liderança institucional deve ser baseada nos dons espirituais concedidos pelo Espírito Santo.

Quanto ao poder:

Autoridade vem não pelo cargo, mas pelo trabalho ungido. O “poder” não se consegue por voto, mas pelo desempenho espiritual; O poder não para mando, mas de influência.

Quanto ao papel do leigo:

Gosto de trabalhar com leigos;

O leigo trabalha em parceira com os pastores sabendo de suas funções e limites; O leigo precisa ter humildade para reconhecer até onde ele pode ir e até onde os pastores devem conduzir processos;

Uma igreja onde o leigo não é marginalizado é uma igreja poderosa em ações bíblicas.

Quanto ao papel pastoral:

Quem deseja ser pastor deve primeiro servir na igreja local e ter o reconhecimento dela para a função desejada;

O pastor deve cuidar do rebanho de Deus essencialmente em termos do evangelho integral; A administração aos poucos deve ser passada para outros membros do Corpo de Cristo;

O pastor é igual aos demais crentes do corpo. Não necessita de paternalismo. Necessita de amor, respeito, espaço para trabalhar como os outros;

O pastor não deve se envolver com as finanças da igreja. Deve deixar isto com os líderes desta área;

O pastor titular de uma igreja sozinho não pode fazer muita coisa é preciso uma equipe ministerial; Essa equipe ministerial é de apoio ao pastor titular e não de ação decisória sobre a igreja; Isso cabe ao pastor titular;

Pastor é melhor de integridade de tempo do que de tempo parcial, voluntário ou integral; Isso não significa que não se tenha bons pastores de tempo parcial ou voluntários;

O pastor ganha da igreja mais no relacionamento do que no púlpito ou no ensino;

Sou pastor do Reino e trabalho numa igreja local com responsabilidade, mas o meu ministério é maior do que a igreja;

Sou pastor de quem quer que eu seja, embora meu chamado seja universal;

O pastor é o responsável do altar. Tudo o que acontece nele deve estar sob a orientação pastoral;

Sou um facilitador de todo o processo de “formação de santos”;

Meu papel é essencialmente de ensinar (capacitação), visão e pregar a palavra.

Quanto à composição da igreja:

 A igreja é um grupo constituído de pessoas que vem por livre e espontânea vontade. Isto significa que eu não posso tirar a liberdade de ir e vir das minhas ovelhas;

A igreja é composta de pessoas que são convertidas, mas que têm que lidar ainda com o pecado, daí a imperfeição de relacionamentos;

A igreja é composta por homens e mulheres, raças, culturas e poder aquisitivo diferentes e isso deve fazer com que se tenha uma parceira poderosa baseada nas mesmas oportunidades e privilégios.

Quanto à Mensagem:

A principal mensagem de uma igreja é que Jesus Cristo salva;

Acredito na mensagem de um Evangelho integral – salvação que leve em conta corpo, alma e espírito;

A igreja missionária é aquele que principalmente busca santidade, ética bíblica, como maior forma de pregação ao mundo;

A igreja deve levar sua mensagem ao mundo usando de toda a tecnologia existente para isso.

Quanto à pregação:

Minha pregação deve contemporizar a vida dos meus ouvintes. Ela deve ser: contextualizada, com “doses de humor”, bíblica e dinâmica;

A pregação deve ser inclusiva sempre;

Devo me referir às pessoas como pessoas e não como crentes ou incrédulos;

Ao pregar devo ter em minha mente que as pessoas estão em níveis diferentes e devo atingir as pessoas nestes níveis.

Tomada de decisões:

A tomada de decisão deve ser em equipe. Equipe é a forma como uma igreja deve andar;

 Numa decisão o mais importante não o que as pessoas pensam, mas o que o Senhor da igreja pensa. A decisão deve ser teocêntrica antes de democrática.

Visão:

A visão de Deus geralmente vem ao líder. O líder passa para a igreja e espera o parecer de Deus.

Não há empreendimento sem a visão de Deus;

É preciso saber onde Deus está agindo para depois agir e isto vem por entendimento de visão.

Eclesiologia:

O corpo é mais importante do que as células. Células devem existir para fortalecimento do corpo;

O ministério é de Cristo na igreja e não do pastor;

Minha igreja é uma parte do Reino de Deus; Ela pode deixar de fazer algo ou fazer algo;

Pode-se ter uma doutrina Bíblica “Denominacional” e ao mesmo tempo uma liturgia “atualizada”.

Gosto de ser Batista da CBB e gosto de ter uma igreja Batista da CBB;

Ação social é parte essencial do ministério de uma igreja, pois está no bojo do Evangelho Integral;

A igreja é um espaço de liberdade das mãos, pés, corpo e pensamento;

A igreja precisa entender que a sua estrutura deve respeitar o nível de comprometimento em que as pessoas estão quanto ao compromisso com Cristo e sua igreja;

Não há porque ter burocracia na igreja;

 A essência deve ser sempre preservada na eclesiologia de uma igreja, mas a forma deve ser sempre questionada, ajustada, mudada ou aperfeiçoada;

Não há porque ter medo de trabalhar em parceira com o Estado em questões sociais desde de que se tenha estabelecidos os limites para ambos.

Extensões:

A igreja deve ter várias extensões – unidades para que em outros lugares e comunidades aquilo que Deus está fazendo através dela, de uma visão particular, aconteça e para que pessoas dons possam ter outros lugares para desempenharem seus ministérios.

Intercessão:

A oração é o segredo do sucesso de uma igreja;

Creio que Deus continua querendo curar, e fazer milagres e, por isso criou espaços para que isto acontecesse;

A visão de Deus geralmente é compreendida em oração;

Oração produz união entre os membros e um mesmo coração para a realização de empreendimentos;

Educação Cristã:

A igreja deve ter um programa de educação cristã que forneça aos seus membros condições para que tenham um crescimento qualitativo diante de Deus;

Creio no trabalho seguementado como forma didática de ação eclesiástica mais eficaz e eficiente;

Vocacionados:

Todos os membros da igreja são vocacionados; Uma igreja em que cada membro se vê como vocacionado é uma igreja viva;

Vocacionados institucionais sempre são bem-vindos no meio da igreja;

A igreja deve dar todas as condições para que vocacionados realizem ações na comunidade onde está inserido.

Missões e Evangelização:

A missão da igreja é maior do que o fazer missões;

Realizar missões é algo essencial para uma igreja ser igreja;

Missões é pregar o evangelho integral em outras culturas; evangelizar é pregar Cristo na mesma cultura – a igreja deve fazer ambas as coisas;

Todos os que compõem a igreja de Cristo são evangelistas e missionários no sentido de que possuem a missão de pregarem a mensagem da cruz;

Uma igreja deve fornecer instrumentos para que todos os seus membros tenham a sua disposição ferramentas para eu sejam bons evangelistas e missionários onde estão;

A igreja deve ter missionários de carreira que possam realizar a obra de Deus integralmente em outras culturas;

A igreja deve contribuir orando e financeira com a obra missionária no mundo

Serviço:

O trabalho para o Senhor precisa ser com qualidade. Os detalhes traduzem a qualidade;

O bom é inimigo do melhor. Cada um deve buscar superar a si mesmo e a sua ação com todas as suas forças e de sua equipe para que o serviço prestado a Deus sempre seja o melhor;

Capacitar líderes é de suma importância para a qualidade da igreja a médio e longo prazo;

A igreja não deve convidar alguém pelos seus dons, mas porque a pessoa está sentindo de ser à vontade de Deus para a sua vida na igreja, dedicar seus dons a Deus;

Todos devem trabalhar na igreja;

A igreja deve criar espaços para que todos possam trabalhar;

O trabalho do membro não precisa ser necessariamente dentro de quatro paredes, mas principalmente onde ele está. O serviço de cada cristão deve ser no secular e não somente no espaço sagrado.

A mulher e o casal:

A mulher tem os mesmos direitos do homem na igreja local;

 A mulher é aceita em qualquer área da igreja desde que Deus dê o credenciamento;

O homem e a mulher se unem para serem parceiros na obra de Deus; Ao lado de um grande homem ou de uma grande mulher está o seu cônjuge e não atrás ou na frente;

Pai e mãe são responsáveis diante de Deus pela educação de seus filhos;

Pais são responsáveis pela alma de seus filhos.

Estudo:

A educação é indispensável para quem quer servir melhor o mestre;

Deus usa uma pessoa sem estudo, mas isto não deve fazer com pessoas sejam acomodadas.

Música:

A boa música deve ser valorizada e cantada seja ela cânticos, hinos e musicas de vários hinários, denominações ou não.

Espaço:

Creio que uma igreja precisa ter o seu próprio espaço de ação e desenvolvimento ministerial;

Creio que esse espaço deve priorizar a funcionalidade do evangelho integral e não a beleza, ainda que as duas não se contradigam necessariamente;

 O espaço deve ser multifuncional;

O espaço deve não se tornar um Castelo, mas um lugar de fácil chegada e saída;

O espaço deve facilitar a vida de todas as pessoas sendo um lugar que diminua o preconceito e facilite a mobilidade;

O espaço deve ter e preservar a natureza de Deus. Gosto de jardins;

O espaço deve ter lugar livre para crianças brincarem, correrem e etc...

Gosto de portas abertas. Grandes.

Quanto as Finanças:

Creio que cada líder e liderado de um ministério específico deve ser o primeiro a contribuir com a sua área;

Creio no dízimo e nas ofertas alçadas como a melhor forma de receitas para a igreja de Cristo e como método de destruição do devorador no nosso meio;

A liberalidade faz com que sejamos ricos;

Líderes devem ser sempre exemplo nesta área;

A igreja não deve parar por dificuldades financeiras, Deus sempre provê quando estamos dentro de sua vontade, isto não quer dizer que não sejamos prudentes em nossas decisões;

Os pastores e líderes de tempo integral ou parcial devem receber da igreja porque isso é bíblico, sempre de acordo com as posses da mesma;

Ofertas designadas são ofertas designadas e é pecado fazer trocas e remanejamentos, mesmo quanto tudo se justifica por ser obra de Deus;

A igreja não tem condições de investir em todos os ministérios como precisa, por isso cada um deve usar de criatividade, e buscar recursos.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

TEMPOS DE RENOVAÇÃO - Ensaio sobre Novos Rumos para uma Eclesiologia das Igrejas Batistas da CBB - Conclusão


CONCLUSAO 

Eis o desafio que é dado a Igreja Batista da CBB: renovação. Renovar sua eclesiologia a partir de uma nova reflexão sobre essa enfrentará os problemas de como vai se manter e continuar sendo pertinente na sociedade onde está inserida.

 Alguns anos atrás, ouvi uma história que deixa claro por que a eclesiologia - como cada igreja vê a si própria e sua relação com outras - é crucial para os cristãos, para as igrejas e para o seu êxito quanto missio dei.

Era sobre uma senhora de idade, membro de uma igreja no interior do Brasil, cuja seu bairro foi alimentado pelo líder de uma cidade vizinha durante um período de escassez de alimentos. Quando a escassez acabou, ela foi à cidade vizinha para agradecer aos moradores pelo que haviam feito.

Entretanto, quando foi à igreja do líder para cumprimentá-lo e agradecer pessoalmente, não pôde comungar porque suas respectivas igrejas não concordavam em alguns pontos. Então a mulher foi até seu líder e lhe fez a seguinte pergunta:

"Como é possível que compartilhemos o alimento material que não nos deixa morrer de fome e não o alimento espiritual que o próprio Cristo nos ofereceu? Acho que quando Cristo voltar, ele próprio nos alimentará - e então fará o que é certo!"

"Eclesiologia" diz respeito às igrejas fazerem "o que é certo". Significa as igrejas serem "o que é certo", serem uma igreja, confessando, realizando cultos, testemunhando e servindo juntas, com um só coração.

Muito há que fazer, mas é preciso começar ser uma igreja militante em sua peregrinação e ao invés de copiar modelos, seu conceito sobre si mesma possa ser o esteio para sua relevância primeiro para com Deus e depois para sua comunidade.

Os desafios estão aí e que o Espírito Santo suscite reflexão por parte dos líderes e liderados das Igrejas Batistas da CBB para que sendo mais igreja possam contribuir com o evangelho verdadeiro em toda a América Latina e mundo.